Cilene Fernanda Sant'Ana - Coordenadoria da Saúde do Sistema Penitenciário
Para implementar e fortalecer o desenvolvimento dos pacientes do Hospital de Custódia de Tratamento Psiquiátrico (HCTP) I de Franco da Rocha, as equipes do hospital desenvolveram um calendário de ações mensais para tratar de temas relevantes com o objetivo de reflexão e interação entre pacientes.
O tema abordado foi o racismo por meio do projeto “Ações Educativas e Culturais com Temática de Combate ao Preconceito.” Elaborado pelas equipes de Saúde, Nutrição, Educação e Recreação do HCTP, o projeto foi desenvolvido com a parceira das igrejas Batista Palavra Viva, Batista de São Paulo, Prefeitura do Município de Francisco Morato e o coletivo “Poetas do Tietê”. Foram diversas atividades distribuídas entre as alas feminina e masculina do hospital.
As ações visaram desenvolver diversos campos do saber de forma integrada e foram norteadas pela temática do combate ao racismo, contando com oficinas de artes cênicas, produções textuais, confecção de artesanatos, construção de maquetes, elaboração de cartazes, palestras, apresentação musical, ensaio teatral, rodas de conversa, workshops, oficinas de pintura, concurso de desenhos e confecção de bonecas abayomi (bonecas de pano criadas com retalhos de tecido e utilizadas como objeto de valorização da identidade negra e da cultura afro-brasileira).
Para a psicopedagoga Roselilda Amaro da Silva, docente da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) que atua há treze anos no Programa Educação nas Prisões e responsável pelo projeto de produção artística com os pacientes, a utilização da arte como terapia propicia o desenvolvimento de várias habilidades no campo da saúde mental. “A produção de arte em qualquer esfera atua como ferramenta de otimização da autonomia psicomotora, o que auxilia o paciente a desenvolver habilidades educacionais, artísticas e psicossociais na (re)construção de uma saúde mental plena”, afirma.
Pensamento semelhante é compartilhado pelo Chefe de Seção de Educação, Bruno Nunes Ricci Carlos, autor da proposta das oficinas de pintura e produção de desenhos. “A arte-terapia é um poderoso recurso terapêutico abrangente, pois abre a possibilidade para a conexão com várias facetas do conhecimento. Assim, podemos pensar o exercício do desenhar livro como um potente recurso terapêutico no âmbito da saúde mental e de grande alcance na reinserção social saudável e autônoma”, disse.
Para o chefe do HCTP, Luiz Henrique Negrão, o projeto mostrou-se pioneiro e de grande alcance terapêutico como ferramenta de recuperação biopsicossocial.